Vereador distribui pizzas em alusão ao fim da CPI

31/05/2012 13:26

 

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
 
A elaboração precipitada do relatório final da CPI do Semasa deixou alguns parlamentares de Santo André indignados com a situação, considerada manobra da base de sustentação do prefeito Aidan Ravin (PTB) para enterrar a investigação. O vereador Luiz Carlos Pinheiro, o Pinheirinho (DEM), demonstrou de maneira despojada sua contrariedade ao episódio e distribuiu pizzas dentro e fora da Câmara, ontem.
O protesto foi em alusão ao término da apuração legislativa, na terça-feira. Após nove horas de bate-cabeça, sem consenso sobre o conteúdo do documento, alterações foram feitas para agraciar a maioria dos integrantes da CPI. O relatório será lido hoje em plenário, quando o democrata promete fazer outra manifestação. "Foi uma vergonha para a classe política a CPI acabar assim, com argumentos fracos e sem colocar os principais aspectos da suposta corrupção na autarquia."
Sob a alegação que o objeto da CPI refere-se à possível venda de licenças ambientais praticada no Semasa, os vereadores findaram a investigação por avaliar que nada foi comprovado. Segundo o relatório, as denúncias do então diretor de Gestão Ambiental Roberto Tokuzumi não se sustentaram nos depoimentos, pois não conseguiu materializar as acusações em documentos. A confirmação de extorsão do empresário Valter Afonso, da construtora Estate Plan Empreendimentos foi ignorada. Assim como documento que comprovaria atuação do advogado Calixto Antônio Júnior na autarquia, a pedido do prefeito, mesmo sem ser funcionário público.
Por conta do acordo entre governistas, o relatório final foi aprovado. "Queria conversar com o delegado (Gilmar Camargo Bessa, que preside o inquérito criminal), tratar da constatação de ingerência no Semasa. Não tinha ficado confortável em aprovar, por isso votei com ressalva", analisou Marcelo Chehade. Também votaram a favor do relatório que encerrou a apuração Toninho de Jenus (DEM), Almir Cicote (PSB) e Donizeti Pereira (PV). Montorinho (PT) foi o único contra.
Apesar da pizza na CPI, a investigação continua com força na Polícia Civil e Ministério Público. Os órgãos mantêm oitivas e diligências para apurar irregularidades na autarquia.
 
GRAVAÇÃO
Ex-superintendente do Semasa, Ângelo Pavin, por meio de seu advogado Eder Xavier, enviou parte de uma gravação envolvendo ele próprio, o então adjunto da autarquia Dovilio Ferrari Filho e o articulador político do prefeito e secretário adjunto de Planejamento, José Acemel, o Espanhol, numa reunião. O vídeo editado possui três minutos e meio de um total de 52 minutos, datado de 7 de maio, dois meses após às denúncias.
A gravação mostra diálogo sobre a atuação do advogado Calixto Antônio Júnior sobre o processo administrativo que trata de pagamento a fornecedores da autarquia. Aparentemente para ficar à parte da planilha, Espanhol questiona se havia alguma assinatura de Calixto no processo, além de mencionar que o prefeito foi "liberando todas as coisas". "Essa conversa foi editada e descontextualizada. Garanto categoricamente que é mentira", defendeu-se Espanhol.

 

Fonte: https://www.dgabc.com.br