Após lambança, CPI do Semasa termina em pizza
30/05/2012 10:21
Fábio Martins
do Diário do Grande ABC
Com quatro votos favoráveis e um contrário, a CPI do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) foi enterrada ontem após 75 dias de duração. A conclusão foi aprovada por Almir Cicote (PSB), Donizeti Pereira (PV), Marcelo Chehade (PSDB-com ressalvas) e pelo relator Toninho de Jesus (DEM) após nove horas de impasse e produção de dois documentos. O bate-cabeça iniciou às 11h sem consenso sobre o conteúdo e fechou somente às 20h.
Diante do enfrentamento até mesmo entre os governistas no primeiro encontro, quando o democrata ofereceu conclusão de somente três páginas, uma outra reunião foi marcada para as 13h30, que não foi respeitada pela maioria. Nos bastidores, porém, a base solicitou a alteração de parte do documento para evitar maior desgaste político. Com a percepção, Toninho apresentou outro relatório às 18h10, que, apesar de não agradar a situação, serviu para dar o tom pretendido.
Em suma, o documento joga a responsabilidade do episódio ao então diretor de Gestão Ambiental da autarquia e denunciante Roberto Tokuzumi. Segundo o relatório, ele fez as acusações e não apresentou provas sobre a suposta venda de licenças ambientais praticada no Semasa, objeto ao qual a CPI foi aberta, em 8 de março.
O relatório ‘esquece' de mencionar o comunicado elaborado pelo então diretor financeiro do Semasa Nelson de Freitas, que oficializa a entrada do advogado Antônio Calixto Júnior no órgão. De acordo com a procuração interna, Calixto atuaria, por determinação do prefeito Aidan Ravin (PTB), na análise de pagamentos a fornecedores que prestaram serviços à autarquia.
José Montoro Filho, o Montorinho (PT), único oposicionista da CPI, votou contra o relatório "pífio". "Só para não dizer que acabou em pizza, sem um relatório oficial foi apresentado esse, sem força, chulo. Eles colocaram que não teve prova concreta nem relataram o depoimento do Valter Afonso, da construtora Estate Plan Empreendimentos", cita o petista, referindo-se ao empresário que confirmou a extorsão sofrida para retirar sua licença ambiental.
O presidente da CPI, vereador Donizeti Pereira (PV), admitiu o pedido por mudanças no primeiro texto apresentado. "Penso que poderíamos ter colocado a figura do despachante, que se vale do conhecimento de pessoas para agilizar a apreciação de processos."
Mesmo assim, o verde disse que poderia ter sido assinado requerimento de prorrogação do prazo por mais 15 dias. Donizeti avaliou que um pouco mais de tempo daria para elaborar melhor o relatório. "Não teriam outros depoimentos (assim como queria a oposição), mas poderia ter terminado de maneira concisa, sem atropelamentos. Mas houve desejo do Toninho e a gente acatou."
O relator garantiu que a apresentação do documento se deu por sentir-se confortável com o parecer. "A CPI encerra hoje (ontem) e fico com a consciência tranquila. Houve tempo suficiente, fizemos os depoimentos, tudo aberto à imprensa, nada foi omitido." O relatório será lido na sessão de amanhã. A investigação, entretanto, continua na Polícia Civil e Ministério Público.
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