Falava de propina por telefone, diz Calixto
12/06/2012 09:32
Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
O advogado Calixto Antônio Júnior afirmou que negociava propina por telefone com o prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), para suposta liberação de pagamentos a fornecedores do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) . Ontem, o delegado que preside inquérito para apurar suposta irregularidade na autarquia, Gilmar Bessa, decidiu pedir à Justiça quebra de sigilo telefônico de Calixto para verificar se havia contato entre o advogado, o prefeito e assessores ligados ao petebista.
"Falávamos sobre tudo pelo telefone. O próprio prefeito me ligava, marcando almoço, jantares. Tratávamos também sobre a questão da liberação dos contratos de empreiteiras no Semasa", disse Calixto. "Se ele (o delegado) quebrar o sigilo mesmo, vai pegar tudo, inclusive discussão sobre propina."
A princípio, o único número telefônico investigado será o de Calixto. O objetivo é aferir se havia ligações entre o assessor do Executivo Antônio Feijó (DEM), o ex-secretário de Gabinete e de Desenvolvimento Econômico de Santo André Beto Torrado, Aidan e o advogado - acusado de ser um dos integrantes do suposto esquema de extorsão no Semasa. Em depoimento à Polícia Civil, Feijó e Torrado negaram conhecer Calixto (leia mais ao lado). "Alguém está mentindo no caso e precisamos descobrir quem para avançar a investigação", avaliou o delegado.
A listagem das ligações telefônicas será a partir de outubro do ano passado, quando teria começado a paralisação de licenças ambientais no Semasa. Ontem, à Polícia Civil, Calixto entregou números de celular que, segundo ele, são de Aidan, de Feijó e de secretária do prefeito. "Não podem falar que não me conhecem. Eu entrei no Semasa porque o prefeito me contratou. Inclusive cobrei honorários advocatícios", alegou o advogado.
A solicitação pela quebra de sigilo será protocolada hoje no Fórum de Santo André e, para se concretizar, precisa de aval de juiz. Segundo Gilmar Bessa, a confirmação de contatos via telefone de Calixto, Aidan, Feijó e Torrado vai clarear a investigação. "Até agora, a prova que ele (Calixto) apresentou foi documento atestando que ele trabalhava no Semasa a pedido do prefeito (entregue à polícia no dia 25 de abril; Aidan nega tê-lo indicado para atuar na autarquia)", ressalvou o delegado.
O próximo passo da apuração será ouvir donos de grandes empreiteiras que teriam sido extorquidas no Semasa. Entre as empresas que serão intimadas estão Emparsanco, Peralta e Brookfield.
A Prefeitura informou, por nota, que o advogado do prefeito, Ronaldo Marzagão, responderia às afirmações de Calixto. Contatado pelo Diário, Marzagão não retornou.